24/06/2009

Portanto, só aos 32?

Eram dez da manhã... O meu pai entra no meu quarto com a habitual pressa do costume: "Nina, ta na hora, temos que ir... chegasses ontem mais cedo!!" Pronto... Tudo bem... eu detesto levantar-me cedo... mas acordarem-me as dez da madrugada... a um domingo... e ainda por cima por causa de um baptizado... isso simplesmente... não se faz!! Ainda bem que não bebo... Provavelmente teria acordado com aquela coisa que o pessoal tanto se queixa.. “ressaca”. Mas mesmo assim, quando me olhei ao espelho o efeito de ter dormido de um modo... digamos, apressado, reflectiu-se na minha cara.. E isso não ía enganar ninguém. A minha mãe estava com o mesmo problema que eu: sem vontade! Mas vá... puto novo na família... e acho que não vale a pena explicar mais nada. O meu irmão já lá estava... com a mulher e o filho... De vez em quando lá ligava para o meu pai: "Então demoram muito?" Numa dessas vezes roubei-lhe o telemóvel e num tom especialmente agradável respondi-lhe: "A TUA VIDA NAO TE CHEGA????" Passado alguns minutos o meu 206 maquina speed super turbo lá se encaminhou para as Caldas da Rainha e quando chegamos ao nosso destino deparei-me com o cenário habitual: a família toda junta á porta da igreja, os mais velhos a queixarem-se de supostas doenças ( com os típicos gestos de meterem as mãos atras das costas e mostrarem aquele ar fatigado) e os mais novos com a mesma cara que a minha... a única diferença... sentiam-se mal, com umas estranhas dores de cabeça que não os deixavam sossegados... e passavam o tempo todo a dizer para toda a gente "fala mais baixo".Portanto... tudo... menos dar confiança ao puto que realmente merece toda a atenção... porque vai ser baptizado! Mas não.. isso é secundário. Tanto ele como os pais! A mãe, com o tradicional peito do tamanho de dois balões acabados de encher e o pai com as olheiras de quem realmente não dorme há 15 dias e está deserto para que a festa acabe, para poder dormir uns 10 minutos e dedicar o resto da noite a abanar o cachopo no berço antes de ir trabalhar. [Típico] A minha família é enorme... Infelizmente estamos juntos poucas vezes... somente em certas cerimónias ou acontecimentos especiais... mas por outro lado, quando o pessoal se junta, há sempre novidades e coisas para contar... excepto eu... não sei porquê, a minha vida banal de estudante nunca tem nada de fascinante para contar. Principalmente que interesse aos mais velhos. Até pelos mais novos sou excluída nesse sentido... por não beber. Um “crime” dizem eles. Estudante que é estudante... apanha grandes bubas e faz figuras tristes as tantas da manhã, mete-se com os homens do lixo e rouba sinais de transito ou carrinhos de supermercado! Eu como só bebo coca-cola sou considerada a classe do povo... eles são a nobreza! Mas por outro lado, sou perdoada e mimada á exaustão por tal “defeito”. Uma vez que não bebo sou sempre a escolhida para levar o carro. O típico “taxi” de serviço! Fico contente por ser nesse sentido o centro das atenções e ver os meus colegas disputarem a minha confiança e principalmente... a minha boleia! [- “Não, não.. a Maria hoje sai conosco”] E moeda ao ar? Cara ou coroa? Pronto, peço desculpa! ( Se a minha mãe lê isto!) Na verdade, sempre fui o contrario do resto das mulheres da família... tias, primas, emprestadas, etc... meninas ou senhoras de bem. E eu, a rebelde, respondona e impaciente... que só está bem fora de casa e não quer saber se a mala que traz faz um bom conjunto com os sapatos... Até era um dos temas de conversa... como fazia um calor infernal, e para quem estava no Outono, usar ou não sandálias podia ser, para elas um problema... grave!! Quando a cerimonia começou... só consegui estar 13 minutos na igreja. Sou católica... transmitiram-me esses valores mas não acredito que frequentar uma igreja todos os domingos vá fazer de mim uma pessoa melhor. E quando vim cá para fora deduzi que o resto das senhoras também pensou o mesmo. Sentadas... umas em muros, outras em bancos... falavam animadas e riam como se não houvesse amanhã. Incrivelmente os homens ficaram lá dentro! A minha opinião? Simples! Numa igreja não convém falar muito... e deve ser dos poucos momentos que eles sentem aquela paz e sossego sem a respectiva mulher a "mandar vir" com qualquer coisa..."Oh Nina, estamos aqui" gritou a minha prima Rita. (é importante referir que ninguém me chama pelo nome! Ou seja, baptizaram-me lá pelas questões religiosas e escolheram Maria porque seria o mais simples).

Sentei-me no muro e não foi preciso muito tempo para perceber qual era o tema de conversa... sexo e homens. (ao lado de uma igreja... e a rebelde sou eu) Cada uma contava a sua experiência, como estava o seu casamento ou respectivo namoro. Depois disso, descobrimos que eu e a Rita somos as únicas completamente solteiras ou encalhadas na família! Algo que não me afectou muito. E muito menos a ela... advogada, trintona, uns quilinhos a mais e ainda a morar com a mãe, respondeu toda divertida: " Não me quero meter nesses filmes... ainda sou muito nova. A nina que se case primeiro" [ Sem comentários... ] Aliás, notou-se um silencio entre nós que felizmente foi quebrado pelos típicos desbloqueadores de conversa... " E o benfica ontem pá?"... Mas algo extraordinário se passou... a Lili, actual companheira do meu padrinho, impressionou-nos com os seus dotes de vidente! Algo que eu desconhecia... uma bruxa na família! E francesa! Ah oui an? Paris de France! Que pense tu, trabalhar na canse! Sempre muito fresca, muito airosa e com aquele "savoir faire" cheio de "je ne sais quoi"... a nossa caríssima “vidente” teve os seus 10 minutos de fama quando saltou do muro, pegou na minha mão e naquele sotaque muito... francês... disse com toda a segurança e toda a sua fé: "Mais oui... eu vou já ver qual das duas se vai casar primeiro.. allez Marie, dá-me a tua mão ma petite!”Que lindo cenário... tudo de boca aberta, completamente focadas na atitude dela e no que ela poderia dizer... incluindo eu!! E tínhamos razão para isso porque a consulta dela foi fantástica! E começou bem!
"Nina... alguma vez estiveste apaixonada? Hum? L'amour, la vie en rose?"
Uau... pensei eu, isto hoje vai ser mesmo interessante. Acordaram-me para o filme mais surreal de todos os tempos! Tenho aqui uma cambada de mulheres com os olhos postos na minha mão... Que raio de pergunta... toda a gente sabe que eu namorei 5 anos... e como ele não tinha nenhuma mansão com piscina ou um ferrari na garagem... acho que foi mesmo por amor! ( estou a brincar!!!!!! Adoro o meu pejox e casas grandes, quem as quiser, que as limpe!! ) Mas sinceramente! Ninguém namora 5 anos só porque lhe apetece! Se bem que hoje em dia... a palavra “namoro” encontra-se infelizmente em vias de extinção. Alias, sinceramente, para mim deixou de existir! Neste nosso educativo século XXI, ou uma rapariga casa-se... ou arranja um montador oficial! Calma! "Arrete" como diz a minha tia. Pronto... eu sei, soa mal... mas no fundo é a mais pura realidade. Já ninguém perde tempo com ninguém... já ninguém tem paciência ou luta por alguém. Obvio que há excepções... mas essas estão nos filmes de cinema. Eu olho para os meus pais e fico babada pela relação que partilham depois de tantos anos de vida em comum. E hoje em dia... ninguém quer compromissos, ninguém quer a responsabilidade de estar com alguém de um modo mais sério. Posso estar a escrever algo completamente ridiculo... mas infelizmente, escrevo pelo que vejo. Algo em contrário, por favor digam... Mudo já de cidade! Ok... prosseguindo... ela continuou a insistir com a mesma pergunta... e disse mesmo que o que eu vivi nesses 5 anos não significou nada... alias tudo o que eu vivi anteriormente no que dizia respeito a casos amorosos nunca foi real ou sentido... mas sim lições de vida.
Lições de vida??
Oh martini larga a mulher! Então do nada vem uma gaja qualquer e diz-me que eu nunca estive apaixonada? E amanhã? Vão-me dizer que o planeta afinal é quadrado e que nas pontas podemos dar um nó?! Pior foi depois!- “ Marie... ma petite, só aos 32 anos é que vais casar e serás mulher desse homem só!
”Só aos 32? AINDA POR CIMA??
Lindo... não sirvam mais nada para este canto, por favor... E eu confesso que depois daquilo, olhei insistentemente para a minha mão, para tentar visualizar um 3 e um 2... e inclusive perguntava a outras pessoas ali por perto se conseguiam ver alguma coisa... mas nada! Somente aquela mulher... francesa tinha visto aquilo! Tentava arrancar opiniões atrás de opiniões e encontrar uma explicação para os 32 anos! Mas no fundo, a mais óbvia que eu sinceramente via e aposto que toda a gente concordava comigo seria: estupidez! Porque é de facto... estúpido dizerem-me que eu nunca estive apaixonada e que isso só vai acontecer quando eu fizer 32 anos! O meu pai não gostou muito da conversa... Perguntou mesmo se a Lili não se tinha enganado e em vez do 32, ñ seria antes 23... O que tornava as coisas mais complicadas não? Tinha que pôr um anuncio no jornal, teria que ameaçar os americanos por causa de uma máquina do tempo e como amanhã combinei ir jantar com a minha best, não iria valer a pena... Prefiro pensar que de facto ela acertou na idade. A minha mãe ficou escandalizada! "Credo, que horror... 32 anos! Não se brinca com essas coisas! A nossa vida está nas mãos do destino" Yap... esta palavra é por certo, umas das preferidas da minha mãe. Aliás, ás vezes até penso que é algum vizinho nosso, pela maneira como ela fala dele. Qualquer coisa é o destino!Mas... e se for verdade? E ate lá? Imagino-me por exemplo na praia:- " Olá, sou o João, posso fazer-te companhia?"A minha resposta vai ser qualquer coisa do género:- "Desculpa mas não podes... no entanto, ficas com o meu contacto e procura-me daqui a 7 anos. Ou então até chego mesmo a casar-me... um homem porreiro, uma vida estável com um filhote e quando completar os tais 32 anos imagino-me a confrontá-lo com um pedido de divorcio:- "Querido, desculpa... mas tenho que te deixar... tenho 32 anos e vou finalmente apaixonar-me e conhecer o verdadeiro homem da minha vida!" Já sei! Melhor ainda... entro para um convento! Torno-me numa freira nos próximos 7 anos e dedico a minha vida ao Senhor. Tiro o curso via net para ser mais rápido e o habito de freira em si também n deve ser muito difícil de encontrar... alguma coisa e aperta-se nos lados! O mais complicado deve ser decorar os nomes dos santos... mas vá... tenho a certeza que quando sair vou encontrar logo o homem da minha vida!!! Aliás, deve ser logo o primeiro que me aparecer a' frente porque 7 anos a hibernar... é capaz de ser complicado não?

Moral da historia? [Finalmente, eu sei] Independentemente do que vos for dito, independentemente de más experiências que possam ter vivido... nunca deixem de arriscar só porque alguém vos diz convictamente que não pode ser assim. Ha' que tentar sempre... Como li algures: "a vida são umas curtas férias que a morte nos dá".

Quando não se dorme ...

Adorava escrever alguma coisa que me deixasse ficar orgulhosa. Mas infelizmente a inspiração não é muita. Penso que já se tornou, simplesmente num vicio: escrever. Agarrar num papel, num lápis... e deixar-me ir. Muitos fazem algo parecido... "pegam" no carro e conduzem sem destino.
Portanto, neste momento também estou a fazer o mesmo. A escrever sem querer chegar a uma conclusão especifica. Por um lado acredito que seja bom! Mantenho a minha mente ocupada... exercito a minha suposta gramática intelectual [ou não]... posso mesmo analisar o meu próprio texto, de corrigir alguma frase que não esteja correcta... e "bec bec".
Por outro lado... sei lá, não tenho sono... Ligo a tv nos canais de sempre, e como a maior parte dos programas não interessam ou simplesmente são repetidos, olho para a esquerda e fico a olhar uns segundos para o meu caderno... e faço o que fiz hoje... vou buscá-lo e começo a escrever. Ainda olho para o telemovel... mas, obviamente que a esta hora ninguém está disponivel para me aturar. E refiro-me aos amigos, claro... Aqueles que até perdem tempo para ler isto =/

[Já agora... Tycia não te respondi porque fiquei sem bateria e encontrei uma musica brutal!]

Hoje, quando fui beber a minha habitual coca-colinha ao Capador vi um casal amigo dos meus pais. Gostei de os ver... principalmente a ela. Uma senhora já de idade que conseguiu combater um cancro há coisa de poucos meses. Vi nela uma força de viver completamente surreal. O sorriso, o optimismo, a felicidade estampada no seu rosto [como é de esperar] e vi também a união e o carinho entre ela e o marido. Os 2 de mão dada a passear e a aproveitar cada minuto daquela noite. Da companhia...
Confesso que fiquei comovida. E no meu intimo, afastei-me um pouco da realidade e sonhei com o mesmo... de um dia poder ter aquilo para mim. [ já sei... tipica conversa de gaja] Mas acho que todos, chegamos a um ponto em que damos por nós a imaginar o mesmo!

Olha! Incrivel! Tocou o tlm... sms... Hum... a esta hora? =D

...

Oh.... vodafone =/ [só podia... ah e tal carregamentos obrigatórios, sms's gratuitas e bec bec...]

Bem... em frente... aproveitei e fui buscar bolachas. Ouvi o meu cão a revoltar-se supostamente com um gato, chove a potes e ouvi também a minha vizinha a tirar a carrinha da garagem. Aquela senhora que vem muitas vezes a minha casa dar maças e laranjas, e que pede á minha mãe para lhe explicar coisas do banco e da segurança social! Muito bom... numa tarde apareceu toda contente porque o sobrinho tinha feito uma casa com aquelas banheiras enormes no jardim onde podiamos tomar banho! Mas melhor do que esta personagem, é mesmo a nossa outra vizinha, a D.Céu! A que tem um genro muito rico e que sabe falar inglês como "aqueles verdadeiros da Inglaterra" Ah... e que tem todo o orgulho em afirmar que é mal-tratada pelo marido e que até houve uma vez que a deixaram a pé, no dia do casamento da filha, e teve que ir de taxi para o copo d'água!!!!
Aaaahhh bela terrinha esta... Terra santa com pessoas de Saturno...

Bem... entretanto até o meu pai acorda e eu aqui... aliás... já acordou... o relógio despertou há coisa de 10 minutos. "Bom dia"... [para ele] onde para mim continua a ser uma "boa noite" ...


Uma maneira diferente de partir...

... e foi a pior maneira que escolhes-te para o fazer.
E eu nunca vou perceber o porquê. Desde que recebi a noticia, não consigo parar de pensar em ti e no que se está a passar. Estou confusa. Não consigo acreditar que é verdade e que realmente te foste embora... de vez! Estou á espera que o meu irmão me ligue. Deve estar a chegar de Lisboa... onde tu estás. Estou ansiosa e não vou conseguir adormecer sem saber porquê. Dei por mim a chorar e a tentar voltar atrás no tempo para procurar algo que tenha originado a situação. Porque simplesmente não me conformo. Lembro-me de fotos que tirámos, vejo-as constantemente... por exemplo naquele dia, naquele jantar, sentado ao meu lado... falavas da universidade que frequentavas. Recordo o teu olhar tímido. Das festas onde íamos e dançávamos... Da maneira como falavas comigo, dos olhares que trocávamos nas festas, cúmplices em brincadeiras e partidas... coisas simples... coisas que me faziam pensar que eras feliz...Da simples amizade que nos unia. Lembro-me de me pedires o meu e-mail... eu escrevi-to num papel, penso que o guardas-te mas nunca chegas-te a adicionar-me.

Podias ter desabafado comigo, eu podia ter puxado por ti, podia ter-te ajudado.
Podia ter sido diferente...
Podias estar cá... até podíamos estar a falar pelo suposto msn a esta hora, em vez de estar a escrever esta carta... como um desabafo, como se me estivesses a ouvir.Podias simplesmente estar cá.“Podias...”
A palavra que se repete vezes sem conta... E que vai estar na boca de toda a gente. E que vai desaparecendo aos poucos da nossa memória... Menos tu.

Porque o tempo pode encarregar-se de tudo... menos disso.
Estejas onde estiveres...